Um ‘passado’ presente.

Autora: Bela Cogo
Ipiranga/PR
Publicado em 17/02/2014

bela..Há pouco tempo conheci uma casa, grande e, em partes, muito bonita. Havia também uma grande quantidade de moradores, absurdamente muitos moradores, mesmo assim, como eu disse, a casa era grande o suficiente para suportar todos. Alguns eram educados e prestativos, outros nem tanto. 

Tudo naquela habitação me encantava e horrorizava ao mesmo tempo. O jardim era o mais o mais belo de tudo, suas ‘árvores’ e flores, como eu sempre desconfiei, além de colorir, também tinha função de abrigar uma fauna enorme. Ele se encontrava em várias partes da casa, em alguns lugares era maior, em outro um pouco menor, pois o solo nem sempre era fértil, e também havia muita destruição, de diversas formas, indiretas e diretas. As diretas eram realmente devastadoras, a flora era arrancada, queimada, invadida por máquinas atrás de dinheiro, sem dó. As indiretas todos, literalmente, cometiam, poluindo as fontes de água, usando aerossóis, construindo fábricas, entre tantas outras assolações. O problema é que isso afeta tudo que depende dos ‘jardins’, os animais, insetos e até os seres humanos.

De uma forma implausível, tudo naquela casa era possível, a cada dia uma coisa nova era descoberta ou criada, desde armas que matam até remédios que curam. Da mesma forma, eu via naquela casa muita injustiça, havia gente passando fome ao lado de gente jogando comida fora. Também via revoluções e revoltas. Via maldade, mas também bondade. Eu via olhares desesperados, tristes, esperançosos, famintos, calorosos, acolhedores, amargos ou alegres.

Outra conclusão que pude tirar é que a engenharia daquela casa era realmente perfeita! Pois era atingida por todos os lados , de diversas formas, contudo, permanecia resistente. Que incrível engenheiro chamado Deus! É uma pena que não saibamos até quando vai aguentar, nem uma rocha permanece instável para sempre, essa casa é poderosa, porém, também é frágil e necessita de cuidados.

Feliz e infelizmente, eu moro nessa casa. Você também. Ela é o planeta Terra. E, o passado descrito nessa crônica é, na verdade, um presente constante e doloroso, vivido por todos.

Publicado em fevereiro 17, 2014, em Bela Cogo, Crônicas. Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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